domingo, outubro 09, 2011

Diga lá, menina...


Dirige-se à repartição onde lhe podem retirar dúvidas e esclarecer algumas inscrições. Agora tudo está dividido em fila, com separadores, mais parece uma espécie de capa escolar para não se misturarem disciplinas, talvez para maior privacidade dos "clientes" ou até mesmo para nem se verem uns aos outros; ficou a pensar nisso. Já conhecedora da "cabine" para a qual se devia encaminhar, verificou que estava sem funcionária e aguardou que a atendessem. Não é nova na casa, já conta três anos, não é muito, mas é o suficiente para ser conhecida, pensava ela! Também não gosta que lhe olhem para a pasta, mas para os olhos e que, sobretudo, lhe digam "Bom dia"! Distraída com outros pensares, foi subitamente chamada à realidade por um bastante arrogante e altivo "diga lá, menina, o que é que quer?" vindo de um outro "arquivo" da capa escolar. Era ela? Chamavam por ela? Sim, era ela a menina que devia dizer o que queria. Riu-se e foi obediente, disse ao que ia! Entretanto, chegara a funcionária que estava responsável por tornar claras as dúvidas que levava e sentou-se para se informar. É não raras vezes confundida como aluna, não se importa, até toma esses enganos como elogios, mas ficou ofendida com a indiferença e arrogância, não por ela, mas pelos alunos, porque logo depreendeu que, por aquela senhora, os alunos eram tratados de igual forma. É grave este tratamento e é grave não se reconhecerem as pessoas, sinal de que anda muita gente só a olhar para sapatos, uns por vaidade própria, outros para ignorância geral dos demais... e também deve ser por isso que as estrelas só são contempladas pelos pés descalços!

sexta-feira, outubro 07, 2011


Ela ficou com a sensação de que eventualmente deixou ir na aragem da vida o papel que tinha a receita da sua felicidade. Esquecera-se do quão doce e suave era o beijo que lhe fez apertar e descompassar o coração como há já tanto tempo não sentia. Sabe que o vento lhe trará esse mesmo papel de uma outra forma e já com a escrita de outro alguém, que na realidade não o possui. Talvez volte a vida a rodopiá-lo por entre outras gentes e canetas, por entre mundos que anseia conhecer, por entre o infinito que o seu coração busca...