domingo, janeiro 30, 2011

De olhos abertos


Às leituras de alguns eu posso até estar a escrever uma heresia, mas a verdade é que estou farta de uma igrejinha verbómana, em actos silenciosa, com consagrados de horizontes engomados, beatas teoricamente muito práticas e sofridas, incitadoras do mal, gente com a mania de que tem Deus no coração. Não me revejo nisto, de todo, nem vou permitir que me façam quadrada! Confio em Deus de olhos fechados, mas quero conhece-lO mais e sempre de olhos e de coração bem abertos!

segunda-feira, janeiro 17, 2011

Quando não tiveres com quem ganhar um pouco do teu tempo, não o gastes com os insensatos.

terça-feira, janeiro 11, 2011

O Príncipe e a Lavadeira...


...de Nuno Tovar de Lemos, s.j.


Duas opiniões:


"Ser simples é muito mais do que ser complicado. É ser verdadeiro, é prestar atenção, é ouvir com o coração e é falar sem pretender ter sempre razão. Só uma pessoa simples é capaz de estar na vida para os outros e pelos outros e consegue fazê-lo sem se perder no essencial." (Laurinda Alves na sua reflexão sobre o livro)


"Este livro não é de ler, é de ouvir. E mesmo quando se lê, será melhor que seja em voz alta, íntima, como quem conta a sua história à lareira, porque o coração ouve melhor o que é bem dito. Com a idade vamos perdendo a coragem de pedir "conta-me uma história de Deus", à noite, na varanda. E é pena. Ouvir no escuro, sobretudo, ajuda a ver o essencial que é invisível." (Vasco Pinto de Magalhães, s.j., igualmente na sua reflexão sobre o livro)


Duas frases:


O Sótão

"(...)depois de sabidas todas as teorias, a única coisa que, de fundo, nos faz mudar é o amor.(...) Cair do alto das nossas seguranças e das nossas defesas para amar e se deixar amar, este é o maior segredo da mudança."


"Barro sempre seguro nas mãos firmes de um oleiro por entre as voltas da vida. Umas vezes sentimo-nos acariciados, outras apertados; umas vezes vemo-nos quase prontos, outras amassados e sem forma; em certas alturas a obra toda faz sentido, noutras torna-se bastante incompreensível."


Vale muito a pena...


domingo, janeiro 09, 2011

Pela calada da noite, Nicodemos...

Havia um fariseu chamado Nicodemos, que era um dos principais entre os judeus. Veio ter com Jesus de noite e disse-lhe:
«Rabi, nós sabemos que vens da parte de Deus como mestre, pois ninguém pode realizar os milagres que tu fazes, se Deus não está com ele.»
Jesus respondeu-lhe:
«Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer do Alto, não pode ver o Reino de Deus.»
Disse-lhe Nicodemos:
«Como pode um homem nascer, sendo já velho? Pode entrar pela segunda vez no seio da mãe e voltar a nascer?»
Jesus respondeu:
«Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus.»
Jo 3,1-5

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Complexidade

Quem dera ter um GPS que indicasse as coordenadas do caminho das palavras certas, que podem fazer a diferença e que incentivem a reflexão.
Falar de ti é um caminho delicado. Quase ninguém te crê e muitos te questionam. Não é isso já habitar o pensamento humano? Todos falam de ti nos vídeos do Youtube, nas incontáveis páginas da internet, nos diversos artigos de jornais, revistas, nos livros, enfim, nem sempre com a informação mais refinada, mas falam!
Falo de ti obrigatoriamente, não posso contornar. Oiço mil e uma histórias, escuto perguntas, apontam-me argumentos, alguns já tão velhinhos, dizem-me que não existes, porque ninguém prova. E logo a seguir garantem-me que existem extraterrestres, mesmo que ninguém os tenha visto ainda por estas bandas. Concepções tão frágeis em fase de crescimento algumas, outras em estado de assustadora ruptura e outras ainda em etapa aparentemente estagnada.
Jogo aberto, cartas na mesa sem paninhos quentes, tema: a experiência de Deus! Como um eco na sala, fila após fila, com alguns lugares a exceptuar: "Não acredito em Deus!" Afirmação cerrada, nalguns casos apenas para chamar a atenção e questionar, o que não deixa de ser óptimo, mas noutros feita como uma caução irrevogável, verdade absoluta. E em catadupa lá vêm então todas as questões pertinentes e mais algumas a desviar do assunto, daquelas que levam para bruxas e feitiçarias.
Tudo o que não se alcança com o raciocínio e lógica pode afigurar-se como alvo a abater, porque nos deixa precisamente inseguros e periga a nossa evidente e tão prezada inteligência. Ah, e além disso não permite o controlo de tudo e o ser humano gosta de dominar!
Não sem alguma dificuldade, às vezes dou imensas voltas para chegar à resposta mais recta desejando fazer-me entender com argumentação e explicações fundadas e através de exemplos concretos, vou procurando responder satisfatoriamente ao que me questionam. No entanto, não é tarefa suave e com tudo isto também aprendo de ti necessariamente, não posso evitar. Se houvesse lembrança de como se cresceu e palavra objectiva que definisse como ainda se continua a crescer, seria talvez mais fácil, mas nem isso ajudaria o suficiente, pois cada um cresce singularmente. No caminho de casa penso "como é que te vou levar na próxima aula?" e, não tendo resposta imediata para a minha própria questão, concluo porém que "és simples e complexo ao mesmo tempo e é justamente na tua complexidade e na nossa limitação que está a tua evidência." Não somos nós que temos Deus, é Deus que nos tem a nós, porque o finito não pode conter o Infinito, mas o Infinito envolve o finito!

terça-feira, janeiro 04, 2011

Jogo sujo

Pergunta simples, directa e curta.
Resposta comprometida, imperceptível, fugitiva e embrulhada num "não sei" claramente falseado!
Quando finalmente se começa a perceber a jogada e alcançamos intelectualmente a estratégia e as intenções dos outros jogadores, somos eliminados sem tempo nem espaço para nos recompormos. Mas o problema é que os outros jogadores são da mesma equipa que a nossa! Devem ter comprado o árbitro ou feito um contrato qualquer com o individualismo, esse novo fiscal que anda na ponta dos pés na linha do egoísmo.

segunda-feira, janeiro 03, 2011



Fecha a porta por onde podem entrar os ventos adversos e abriga-se na brisa que lhe percorre o interior. Mas a janela está ainda aberta, não fecha por teimosia da dobradiça que decidiu não facilitar. Ninguém conserta, fica então recortada na parede dia e noite a janela e suas fiéis portadas abertas de par em par, para os que a vêem e para os que a ignoram. Se tu fosses uma janela, que paisagem desejarias poder mostrar a quem de ti se acercasse?
Da janela fica-se pela metade. Mas está tanto frio lá fora e o vento já se sente na sua corrida repetida, incansável e furiosa que lhe apetece manter a porta encerrada. A porta espera impacientemente, já começa a deixar fugir por entre ela umas nesgas de ar e luz que abalroam a tenacidade da janela e não resistirá por muito tempo ao inevitável. A porta exige totalidade. Se tu fosses uma porta, o que ambicionarias exibir quando te abrissem?