terça-feira, março 29, 2011

A verdadeira amizade falsa...


O processo da avaliação do desempenho docente está muito longe de ter terminado, até porque, muito sinceramente, tenho receio do que aí vem, cheira-me a qualquer coisa que não é melhor. Mas, enfim, sempre deu para "desafogar" a classe docente, que rejubilou e, em tanto tempo e pela primeira vez este ano, eu vi aquela sala repleta de sorrisos abertamente aliviados, de interpelações jocosas e irónicas, sobretudo para aqueles que sendo iguais a todas as outras galinhas aspiravam a ascender a galos formados em avaliação do desempenho do galinheiro. Bom, chegava um, "olha, já sabes que a avaliação foi suspensa?", chegava outro "Oh, e eu que já tinha o meu dossier prontinho" e ainda outro "Então e agora o tempo que perdemos com isto, incluindo as reuniões enfadonhas e pouco esclarecedoras que só se fizeram porque TODOS os professores seriam avaliados, para que nos serviu?" E há uma que me fica no ouvido "Agora já podemos voltar a ser todos amigos." Agora já podemos voltar a ser todos amigos, repeti para mim! Mesmo que o neguem, este desabafo é a prova de que andavam ali uns tantos a entalar a vida de outros mais. Santa amizade hipócrita que vai continuar como se nada fosse, porque o Inverno já foi, mas volta e urge a confecção continuada de camisolas com malha apertada e enviesada. Esta, sim, é a evidência evidencialmente evidente. Era capaz de sugerir que o próximo modelo de avaliação tivesse como primeiro objectivo suprimir esta falha lamentável e profunda! Ninguém ensina o que não sabe ou aperfeiçoa! Ah, pois esqueci-me, não posso, sou contratada, sem voz no discurso, ups!!!E é nestas alturas que eu sinto vergonha de estar enfiada no meio desta classe que me deixa doente!

sexta-feira, março 25, 2011

Não quero estes sapatos


Esqueço-me da vida. Vou caminhando sem dar conta que muitas vezes me cruzo com a vida que pressinto ser a minha. Calço os sapatos que me apertam, que escravizam os meus pés e os submetem a uma tortura surda que só eu sinto. Quero ir descalça, sujar os pés e reconfortá-los com o privilégio de sentir todos os grãozinhos dessa estrada. Não importa se caminho mais devagar, se fico para trás a cheirar uma flor, a andar de baloiço, a dar a mão, a abraçar e se ninguém me reconhecer quando chegar ao fim do trilho. Ainda posso dizer que não quero estes sapatos, apesar de não ter outros, também não sou de cerimónias; ainda posso dizer que quero o silêncio do meu caminhar nas encostas daquela vida que eu vejo passar e não acompanho. Hoje tirei os sapatos, saí do sótão e comecei a descer as escadas...os meus pés agradeceram e o coração também! Há quanto tempo é que ambos não respiravam o ar que liberta?

quinta-feira, março 17, 2011

Pois é...

Era no tempo em que, no palácio das Necessidades, ainda havia ocasião para longas conversas. (mas podia passar-se hoje...). Um jovem diplomata, em diálogo com um colega mais velho, revelava o seu inconformismo. A situação económica do país era complexa, os índices nacionais de crescimento e bem-estar, se bem que em progressão, revelavam uma distância, ainda significativa, face aos dos nossos parceiros. Olhando retrospetivamente, tudo parecia indicar que uma qualquer "sina" nos condenava a esta permanente "décalage". E, contudo, olhando para o nosso passado, Portugal "partira" bem:

- Francamente, senhor embaixador, devo confessar que não percebo o que correu mal na nossa história. Como é possível que nós, um povo que descende das gerações de portugueses que "deram novos mundos ao mundo", que criaram o Brasil, que viajaram pela África e pela Índia, que foram até ao Japão e a lugares bem mais longínquos, que deixaram uma língua e traços de cultura que ainda hoje sobrevivem e são lembrados com admiração, como é possível que hoje sejamos o mais pobre país da Europa ocidental.

O embaixador sorriu, benévolo e sábio, ao responder ao seu jovem colaborador:

- Meu caro, você está muito enganado. Nós não descendemos dessa gente aventureira, que teve a audácia e a coragem de partir pelo mundo, nas caravelas, que fez uma obra notável, de rasgo e ambição.

- Não descendemos? - reagiu, perplexo, o jovem diplomata - Então de quem descendemos nós?

- Nós descendemos dos que ficaram por aqui...
(Enviado por email)

Dualidade

Às tantas diz ele que os homens são uns bichinhos estranhos, querem tudo, sol na eira e chuva no nabeiro. Ela ficou a remoer aquela sabedoria popular, afinal ele é um bichinho estranho, claro, é homem. As mulheres também são estranhas! Certo, mas os homens esticam-se mais! Um pouco, dizia ele! Não sabe se teria sido diferente (não se conhece apenas o que se vive?), mas ele arriscou a descer sem pára-quedas na consideração dela. Deixou ficar nela uma dualidade imensurável, repartida entre um beijo sentido e profundo e as palavras mais ferozes contra a dignidade feminina! Tivesse ele sido outra pessoa, e teria levado um bom par de estalos e não se falava mais no assunto.
Quase a tocar a essência que acabou por ficar entre ambos, sem nunca lá terem chegado. Não partas o berlinde ou estragas tudo!

quarta-feira, março 16, 2011


Afasta-te ligeiramente de quem possa acordar em ti um lado cruel.
(Acho que não nos devemos relacionar com toda a gente)

terça-feira, março 15, 2011

Segundinho

Percorre o caminho vezes sem conta a olhar para a sentinela do tempo, apressadamente compassado, nem pára na exactidão das horas. Deixa que o oiçam, tornando-se incomodativo no silêncio; competitivo no triunfo; ansioso na expectativa. Porém, dificilmente alguém o vê e se tentam captá-lo, esvai-se em recordações ténues e inexplicáveis. Segundinho quase esquecido por entre a hora e o minuto, alguém que te dá valor torna-te presente existencialmente. E tu não mais podes ser esquivo a quem te sabe agarrar pelo ponteiro da esperança e vive, contigo e pendurado em ti, cada "tic-tac". E eu sei de um coração assim...

quinta-feira, março 10, 2011

No encalço do 4ºdia

É muito bom sentir Jesus. Saber que não se está só. Mostrar, cantando, que Ele reserva um lugar bem especial para cada ser singular. Aquele olhar que seduz e apaixona. Mais difícil é abraçá-lO todos os dias com a mesma convicção. Segui-lO implica três coisas: cruz, lágrima e alegria! A não consciência disto pode induzir a um amor periclitante, a uma falsa expectativa. No encalço dEle, surge a cruz e a lágrima, compensadas pela alegria incalculável de servir. A vida será a mestra nesta matéria!

quarta-feira, março 09, 2011

Acaso

"Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, pois cada pessoa é única
e nenhuma substitui outra.
Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, mas não vai só
nem nos deixa sós.
Leva um pouco de nós mesmos,
deixa um pouco de si mesmo.
Há os que levam muito,
mas há os que não levam nada.
Essa é a maior responsabilidade de nossa vida,
e a prova de que duas almas
não se encontram ao acaso. "

(Antoine de Saint-Exupéry)

terça-feira, março 08, 2011

Precisamos...


Precisamos de Santos
Precisamos de Santos sem véu ou batina.
Precisamos de Santos de calças jeans e ténis.
Precisamos de Santos que vão ao cinema,ouvem música e passeiam com os amigos.
Precisamos de Santos que coloquem Deus em primeiro lugar, mas que se esforcem na faculdade. Precisamos de Santos que tenham tempo todo o dia para rezar e que saibam namorar na pureza e castidade, ou que consagrem a sua castidade.
Precisamos de Santos modernos, Santos do século XXI com uma espiritualidade inserida no nosso tempo.
Precisamos de Santos comprometidos com os pobres e as necessárias mudanças sociais. Precisamos de Santos que vivam no mundo, se santifiquem no mundo, que não tenham medo de viver no mundo.
Precisamos de Santos que bebam Coca-Cola e comam "hot dogs", que usem calças de ganga, que sejam internautas, que escutem "disc-man".
Precisamos de Santos que amem a Eucaristia e que não tenham vergonha de tomar um refrigerante ou comer pizza no fim-de-semana com os amigos.
Precisamos de Santos que gostem de cinema, de teatro, de música, de dança, de desporto. Precisamos de Santos sociáveis, abertos, normais, amigos, alegres, companheiros.
Precisamos de Santos que estejam no mundo; e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo mas que não sejam mundanos"
(João Paulo II)
Carta aos Jovens!!