sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Por dentro...

" Que é mais fácil? Dizer ao paralítico " Os teus pecados estão perdoados" ou dizer " Levanta-te, toma a tua enxerga e anda"?"
O maior e grande objectivo de Jesus é salvar e a aliviar por dentro. Ao olhar para o paralítico, não lhe diz talvez o óbvio para o mais comum dos mortais, que claramente pensaria e continua a pensar que Jesus curaria fisicamente o doente. Fê-lo, sim, no sentido de provar decisivamente a autoridade divina que possuía, mas primeiramente curou-o interiormente...a maior paralisia encontrava-se dentro do próprio paralítico. E onde é que está a nossa?
A mudança começa por dentro, pelo fundo...

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Sabedoria chinesa...

" Ama-me quando eu menos merecer, porque é quando eu mais preciso." Provérbio chinês
Vale a pena pensar nisto...

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

O valor e o preconceito...

Numa ilha, não muito distante daqui, moravam o valor e o preconceito. O valor, firme, construiu a sua casa no centro da ilha, com fundações sólidas e resistentes. O preconceito, inseguro, mas sem com isso se importar, construiu a sua à beira mar, mesmo em cima da areia. Pensava ele que mais gente ali o veria, afinal todos procuram o sol para morenar, todos se sentem integrados e modernos com férias na praia. Entre estas duas figuras nunca houve um relacionamento muito íntimo, bem pelo contrário, porém também não se podem relatar ocorrências de maior gravidade. Lá iam vivendo, cada um no seu lugar...Até que um dia o Homem chegou e provocou uma pequena grande alteração. Pé ante pé, com falinhas mansas, com uma venda nas mãos, sabe-se muito bem para quê, confundiu de tal maneira o valor e o preconceito que ambos se desorientaram. O valor passou a morar na casa da praia e o preconceito a viver no centro da ilha. O preconceito não se deu nada mal com esta mudança, até porque se serve sempre da sua falsa solidez para confundir quem defende o valor e para ficar na sua vez...Quem vai à procura do valor, encontra agora uma placa a dizer "preconceito". Já o valor anda amargurado...A cada passo a maré cheia arrasta-o para o mar, perdendo-se e vai regressando por alguma sorte, resgatado por também algum pescador que o encontra naufragado.
O Homem ainda não deu conta, mas não vai ficar a rir-se quando se aperceber de que esta algaraviada toda lhe vai sair muito caro!!!

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Viagem única!

Tem razão quem diz que os homens são o contrário das montanhas. Ao longe parecem grandes. Próximos, nota-se a sua pequenês. Ao contrário das montanhas. O nosso próximo é mesmo um problema. Próximo, no lugar e no tempo. De tal modo que muitas análises sociais, políticas, culturais e religiosas consideram sempre melhor o que está longe no tempo e no espaço. Assim se descrevem as maravilhas do passado. Nas famílias, nas escolas, nas canções, na Igreja, na vida política e nessa espécie de praga democrática que é a intervenção telefónica em fóruns de rádio e televisão. Se não se fala do passado evoca-se o distante: para lá muito a Norte ou muito a Sul. Mas distante, inacessível, burilado pela imaginação ou pelo indemons-trável. Para facilitar, diz-se “lá fora, no estrangeiro”. Enfim, tudo o que não é aqui ou agora.
Esse é o problema: fugir ao que está ao nosso alcance e ocupa o nosso quotidiano, as nossas conversas, as anedotas que contamos, as preocupações que revelamos, aquilo para que a língua está sempre afiada, distanciando-nos da responsabilidade, do compromisso, do interesse mínimo em oferecer o nosso contributo para a resolução. Divertindo-nos com o enigmas para nos esquivarmos ao compromisso e acção concreta.
Esta é uma questão essencial no lugar e no momento que atravessamos. O lugar é muito mais que o pequeno rectângulo a que temos relutância, em certos momentos, de chamar pátria, húmus donde provimos e donde queremos um dia partir. Dizemos que é “este país”para que nos não atinja nem comprometa, nem sequer envolva. Vamos resolvendo o nosso imediato e gerindo o resto de sorte que nos toca, de não estarmos sem abrigo e termos sobre a mesa, ainda que não muito abundante ou mesmo um pouco embolorado, o pão de cada dia.
A decisão é exactamente esta: a nível individual e colectivo assumirmos que este é o nosso tempo e o nosso lugar, onde estamos “inscritos” na história e onde o nosso remo não pode ser entregue a mais ninguém. Esta é a nossa onda, o nosso mar e a nossa única viagem antes do eterno. Quem somos nós para nos colocarmos numa varanda imaginária a ver passar um cortejo a que queremos ser alheios? O nosso lugar, a nossa vocação cristã é aqui e agora.
In Agencia Ecclesia/Editorial António Rego

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Peregrinação Interior...

" Eu acreditei exaustivamente no saber até aos meus vinte e oito anos.(...) Deste modo, passei grande parte do meu tempo a organizar esquemas que encaminhassem o saber para dentro da minha cabeça, e a parte que me restava a constatar angustiado que, no ritmo com que eu estava a aprender, os setenta anos que eu vivesse deixar-me-iam ainda com a mão na porta do edifício onde me propusera entrar.(...)
Um dia olhei para dentro de mim e reparei, com pesar, que eu nunca mais saberia tudo, e que aquela minha avidez cognitiva era absolutamente estéril e ineficaz. Que teria de planear projectos menos ambiciosos e, sobretudo, que era tempo de ir procurar a vida da qual me tinha afastado e desprezado. Descobri então que talvez tivesse alguma coisa para dar e que, à maneira que ia dando e recebendo, eu me aproximava da grande imposição de viver que é qualquer coisa como o nosso todo vital posto em risco e aventura, conhecimento e energia, criação e descoberta."

António Alçada Baptista