quarta-feira, fevereiro 18, 2009

O valor e o preconceito...

Numa ilha, não muito distante daqui, moravam o valor e o preconceito. O valor, firme, construiu a sua casa no centro da ilha, com fundações sólidas e resistentes. O preconceito, inseguro, mas sem com isso se importar, construiu a sua à beira mar, mesmo em cima da areia. Pensava ele que mais gente ali o veria, afinal todos procuram o sol para morenar, todos se sentem integrados e modernos com férias na praia. Entre estas duas figuras nunca houve um relacionamento muito íntimo, bem pelo contrário, porém também não se podem relatar ocorrências de maior gravidade. Lá iam vivendo, cada um no seu lugar...Até que um dia o Homem chegou e provocou uma pequena grande alteração. Pé ante pé, com falinhas mansas, com uma venda nas mãos, sabe-se muito bem para quê, confundiu de tal maneira o valor e o preconceito que ambos se desorientaram. O valor passou a morar na casa da praia e o preconceito a viver no centro da ilha. O preconceito não se deu nada mal com esta mudança, até porque se serve sempre da sua falsa solidez para confundir quem defende o valor e para ficar na sua vez...Quem vai à procura do valor, encontra agora uma placa a dizer "preconceito". Já o valor anda amargurado...A cada passo a maré cheia arrasta-o para o mar, perdendo-se e vai regressando por alguma sorte, resgatado por também algum pescador que o encontra naufragado.
O Homem ainda não deu conta, mas não vai ficar a rir-se quando se aperceber de que esta algaraviada toda lhe vai sair muito caro!!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Vivemos num mundo inibidor de valores em que o preconceito e a hipocrisia permeiam as relações humanas, tornando-nos tantas vezes pessoas medíocres. Actualmente, as pessoas valem mais pelo que têm que por aquilo que são. Já não importa o que de bom carregam dentro de si. Vivemos num mundo onde se valorizam as aparências.
Nunca a inversão de valores esteve tão em voga. Quem se apresenta diferente, quem não comunga com um mundo onde não haja sonhos e o direito à liberdade, poderá em breve ser uma espécie em extinção.
Eu prefiro remar contra a maré, mesmo que isso me leve à extinção.

:)