quinta-feira, janeiro 06, 2011

Complexidade

Quem dera ter um GPS que indicasse as coordenadas do caminho das palavras certas, que podem fazer a diferença e que incentivem a reflexão.
Falar de ti é um caminho delicado. Quase ninguém te crê e muitos te questionam. Não é isso já habitar o pensamento humano? Todos falam de ti nos vídeos do Youtube, nas incontáveis páginas da internet, nos diversos artigos de jornais, revistas, nos livros, enfim, nem sempre com a informação mais refinada, mas falam!
Falo de ti obrigatoriamente, não posso contornar. Oiço mil e uma histórias, escuto perguntas, apontam-me argumentos, alguns já tão velhinhos, dizem-me que não existes, porque ninguém prova. E logo a seguir garantem-me que existem extraterrestres, mesmo que ninguém os tenha visto ainda por estas bandas. Concepções tão frágeis em fase de crescimento algumas, outras em estado de assustadora ruptura e outras ainda em etapa aparentemente estagnada.
Jogo aberto, cartas na mesa sem paninhos quentes, tema: a experiência de Deus! Como um eco na sala, fila após fila, com alguns lugares a exceptuar: "Não acredito em Deus!" Afirmação cerrada, nalguns casos apenas para chamar a atenção e questionar, o que não deixa de ser óptimo, mas noutros feita como uma caução irrevogável, verdade absoluta. E em catadupa lá vêm então todas as questões pertinentes e mais algumas a desviar do assunto, daquelas que levam para bruxas e feitiçarias.
Tudo o que não se alcança com o raciocínio e lógica pode afigurar-se como alvo a abater, porque nos deixa precisamente inseguros e periga a nossa evidente e tão prezada inteligência. Ah, e além disso não permite o controlo de tudo e o ser humano gosta de dominar!
Não sem alguma dificuldade, às vezes dou imensas voltas para chegar à resposta mais recta desejando fazer-me entender com argumentação e explicações fundadas e através de exemplos concretos, vou procurando responder satisfatoriamente ao que me questionam. No entanto, não é tarefa suave e com tudo isto também aprendo de ti necessariamente, não posso evitar. Se houvesse lembrança de como se cresceu e palavra objectiva que definisse como ainda se continua a crescer, seria talvez mais fácil, mas nem isso ajudaria o suficiente, pois cada um cresce singularmente. No caminho de casa penso "como é que te vou levar na próxima aula?" e, não tendo resposta imediata para a minha própria questão, concluo porém que "és simples e complexo ao mesmo tempo e é justamente na tua complexidade e na nossa limitação que está a tua evidência." Não somos nós que temos Deus, é Deus que nos tem a nós, porque o finito não pode conter o Infinito, mas o Infinito envolve o finito!

Sem comentários: