segunda-feira, janeiro 03, 2011



Fecha a porta por onde podem entrar os ventos adversos e abriga-se na brisa que lhe percorre o interior. Mas a janela está ainda aberta, não fecha por teimosia da dobradiça que decidiu não facilitar. Ninguém conserta, fica então recortada na parede dia e noite a janela e suas fiéis portadas abertas de par em par, para os que a vêem e para os que a ignoram. Se tu fosses uma janela, que paisagem desejarias poder mostrar a quem de ti se acercasse?
Da janela fica-se pela metade. Mas está tanto frio lá fora e o vento já se sente na sua corrida repetida, incansável e furiosa que lhe apetece manter a porta encerrada. A porta espera impacientemente, já começa a deixar fugir por entre ela umas nesgas de ar e luz que abalroam a tenacidade da janela e não resistirá por muito tempo ao inevitável. A porta exige totalidade. Se tu fosses uma porta, o que ambicionarias exibir quando te abrissem?

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