terça-feira, novembro 30, 2010

Simplicidade


Há tempos em que granjeamos incessantemente palavras que definam o que sentimos ou vivemos. Tantas vezes em vão, porque não são suficientes, porque não são completas, porque podem enganar, porque não cabem em nós. Abrem-se os dicionários da alma, rabiscam-se umas linhas interiores, consulta-se a gramática da experiência, mas tudo o que surge parece não encaixar, parece tão pouco para a imensidão ou confusão imersas na urgência de uma conclusão. A palavra tem muitos cantos. Os cantos mais complexos são os que nos afastam da exactidão, são os primeiros a ser procurados, porque parece que hoje o essencial é ser difícil, obscuro e quase inalcançável, como prova irrefutável da inteligência humana. Os cantos mais fáceis correm o risco de se tornarem banais, aborrecidos e obsoletos, porque não trazem novidade e aparentam não possuir sabedoria. Ando há tempos à procura deste lado mais fácil para afirmar o que vai por cá, para até nem me baralhar a mim própria. E as palavras exactas, certeiras e cheias surgem em diálogo com a Marta que me diz: " A mim não me pagam para ensinar, pagam-me para aprender." É isso...tão perto, tão simples! A mim não me pagam para ensinar, pagam-me para aprender. Um puzzle é o que nos colocam à frente. De acordo com a imagem sabemos que a peça devia ser colocada de determinada forma, mas o restante puzzle vai obrigar-nos a encaixar de outra maneira. É o puzzle que ensina a completar, sou eu que aprendo a cada dificuldade de encaixe.

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