quarta-feira, agosto 24, 2011

Pelos dedos das mãos



"Escolho os meus amigos não pela pele ou por outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.A mim não me interessam os bons de espírito, nem os maus de hábitos.Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.Deles não quero resposta, quero o meu avesso.Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.Para isso, só sendo louco.Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.Escolho os meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.Não quero só o ombro ou o colo, quero também a sua maior alegria.Amigo que não ri connosco não sabe sofrer connosco.Os meus amigos são todos assim: metade disparate, metade seriedade.Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade a sua fonte de aprendizagem, mas que lutam para que a fantasia não desapareça.Não quero amigos adultos, nem chatos.Quero-os metade de infância e outra metade de velhice.Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.Tenho amigos para saber quem eu sou.Pois vendo-os loucos e santos, tolos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril."


Oscar Wilde

Naturezas

“Monge e discípulos caminhavam por uma estrada e, quando passavam a ponte, viram um escorpião a ser arrastado pelas águas. O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e pegou no bicho com a mão.
Quando o trazia para fora, o escorpião picou-o e, devido à dor, o homem deixou-o cair novamente no rio. Dirigiu-se então, à margem e pegou num ramo de árvore. Adiantou-se outra vez a correr, entrou no rio e pegou novamente no escorpião, salvando-o.
Com o escorpião agora seguro na sua mão, o monge voltou a juntar-se aos discípulos na estrada. Estes, que tinham assistido à cena, receberam-no perplexos.
- Mestre, deves estar com muitas dores! Porque é que foste salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Vê como ele respondeu à tua ajuda, foi picar a mão que o salvou! Não merecia a tua compaixão!
O monge ouviu tranquilamente os comentários e respondeu:
- Ele agiu conforme a sua natureza, e eu de acordo com a minha.”

sexta-feira, agosto 19, 2011

Renegar uma necessidade é o princípio atroz de uma frustração.

quinta-feira, agosto 18, 2011



Não se percam em lamentações, tem de haver alguma coisa que nos mova!

sábado, agosto 13, 2011

A pior das prisões

"...uma construção que sobre si mesma se fecha é evidente que em si mesma encontra as suas próprias grades."

António Alçada Baptista em "Peregrinação Interior", Volume 1

quarta-feira, agosto 10, 2011

Ausência





Para si...porque também somos feitos de ausências!

domingo, agosto 07, 2011

Perfeito no Imperfeito

Fazemos a eternidade com o pedaço de imperfeição de que somos feitos. Por mais que possas dizer que não há ideais, eu acredito neles, porque não têm nem podem conter a perfeição. Tu não és um ser perfeito, mas és ideal para alguém e nalguma circunstância, que pode ser a vida! Quantas mais teorias modernistas e fatalistas me possam apresentar acerca das relações, eu acredito que, porque sou eu na minha finitude que amo, um amor pode não ser para sempre, mas pode ser para uma vida!

sábado, agosto 06, 2011

Eles têm tempo...elas estão..."adiadas"!



Termo menos melindroso para "encalhadas", pensam alguns, ainda por cima alguns que encalharam de outras formas! Bem, adiante, para não ferir disposições morais! Ao cimo do percurso e ao fundo das escadas, solta-se a palavra " olha mais duas adiadas"! Não me teria ficado isto na cabeça e ferido a alma se eu não fosse uma dessas duas. Dificilmente se escreve ou se pensa acerca daquilo que de uma ou de outra forma não se sente. Adiada??? Lá vai mais uma introspeção relâmpago "quantos anos tens, Ana? 50?60?100?" Definitivamente, não gostei e apenas respondi que para esclarecimentos não me importava de ter uma conversa em particular, frente a frente, coisa que por vezes me parece ser um embaraço para muitos. Incomodou-me sobretudo por ser uma espécie de pensamento generalizado para com as mulheres, e não só, e de pessoas que deviam muito bem compreender, ainda que depois se desculpem por estar a brincar. Ou será que os solteiros não têm lugar na sociedade? Quer dizer, casa-se ou segue-se uma vida religiosa para se ganhar estatuto, é isso? Há gente que tem a excentricidade de pensar que conhece tudo, que com um jeitinho até podia estabelecer-se como a conselheira lá do sítio, há gente que quer ser engraçada, mas não cai em graça! Convenhamos que pensamos muitas coisas, mas seria talvez sensato adquirir um filtro interno que nos permitisse ser inteligentes na seleção do que proferimos audivelmente. De outra forma, somos claramente inoportunos e desagradáveis. Porque do outro lado há experiências que ninguém conhece, há fragilidades, há penas, há sentimentos, há renúncias que, se não o fossem, seriam motivo de conversa inflamada, há uma história ou algumas histórias! Também fiquei a pensar que quem foi tão infeliz nas palavras escolhidas tem possivelmente uma qualquer espécie de recalcamento ou até mesmo carência, não sei, mera hipótese. Agora que escrevo, fica lavada a "mágoa" e chego à conclusão que, na verdade, estou adiada para a insensibilidade, para a incoerência e para o desrespeito. Nada nos pertence, muito menos a vida que foi emprestada. Imaginai que vos peço um livro emprestado e ao lê-lo pode acontecer que até nem seja muito do meu agrado. Tenho várias hipóteses ou leio até ao fim, ou desisto da leitura ou até posso reescrevê-lo para mim, mas estragar o livro eu não posso, não é meu! Assim é a vida, há coisas nela que só o seu Autor sabe por que as escreveu assim!



Quando nalguma situação vos estiver para sair da boca a expressão conjugada "estar encalhado ou adiado", mesmo que a brincar, pensai duas vezes, porque a primeira é sempre medíocre.

Maçãs

"Mulheres são como maçãs em árvores. As melhores estão no topo. Os homens não querem alcançar essas boas, porque têm medo de cair e se magoarem. Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão, que não são boas como as do topo, mas são fáceis de se conseguir. As maçãs no topo pensam que algo está errado com elas, quando na verdade, ELES estão errados. Elas têm que esperar um pouco para o homem certo chegar, aquele que é valente o suficiente para escalar até ao topo da árvore."


Machado de Assis


P.S. Adiantando-me a hipotéticas intervenções pensáveis, aviso já que Eva não comeu nem deu a comer nenhuma maçã! :p

sexta-feira, agosto 05, 2011

Os meus pais têm um Mercedes



Carta urgente como se vê pelo barquinho S.O.S. em cima! Tem um poder de argumentação fora de idade e um certo tom intimidador, e as amigas é que acham o Jorge Daniel o máximo, mas não deixa de estar engraçada! Só não percebo a razão pela qual a Filipa desenhou dois cães (?) em vez de um menino e de uma menina!


Vale a pena pensar nisto (não nos cães, ou talvez sim, fazei como quiserdes), mas na transformação das nossas crianças, que obviamente não são responsabilizadas diretamente!