sábado, agosto 06, 2011

Eles têm tempo...elas estão..."adiadas"!



Termo menos melindroso para "encalhadas", pensam alguns, ainda por cima alguns que encalharam de outras formas! Bem, adiante, para não ferir disposições morais! Ao cimo do percurso e ao fundo das escadas, solta-se a palavra " olha mais duas adiadas"! Não me teria ficado isto na cabeça e ferido a alma se eu não fosse uma dessas duas. Dificilmente se escreve ou se pensa acerca daquilo que de uma ou de outra forma não se sente. Adiada??? Lá vai mais uma introspeção relâmpago "quantos anos tens, Ana? 50?60?100?" Definitivamente, não gostei e apenas respondi que para esclarecimentos não me importava de ter uma conversa em particular, frente a frente, coisa que por vezes me parece ser um embaraço para muitos. Incomodou-me sobretudo por ser uma espécie de pensamento generalizado para com as mulheres, e não só, e de pessoas que deviam muito bem compreender, ainda que depois se desculpem por estar a brincar. Ou será que os solteiros não têm lugar na sociedade? Quer dizer, casa-se ou segue-se uma vida religiosa para se ganhar estatuto, é isso? Há gente que tem a excentricidade de pensar que conhece tudo, que com um jeitinho até podia estabelecer-se como a conselheira lá do sítio, há gente que quer ser engraçada, mas não cai em graça! Convenhamos que pensamos muitas coisas, mas seria talvez sensato adquirir um filtro interno que nos permitisse ser inteligentes na seleção do que proferimos audivelmente. De outra forma, somos claramente inoportunos e desagradáveis. Porque do outro lado há experiências que ninguém conhece, há fragilidades, há penas, há sentimentos, há renúncias que, se não o fossem, seriam motivo de conversa inflamada, há uma história ou algumas histórias! Também fiquei a pensar que quem foi tão infeliz nas palavras escolhidas tem possivelmente uma qualquer espécie de recalcamento ou até mesmo carência, não sei, mera hipótese. Agora que escrevo, fica lavada a "mágoa" e chego à conclusão que, na verdade, estou adiada para a insensibilidade, para a incoerência e para o desrespeito. Nada nos pertence, muito menos a vida que foi emprestada. Imaginai que vos peço um livro emprestado e ao lê-lo pode acontecer que até nem seja muito do meu agrado. Tenho várias hipóteses ou leio até ao fim, ou desisto da leitura ou até posso reescrevê-lo para mim, mas estragar o livro eu não posso, não é meu! Assim é a vida, há coisas nela que só o seu Autor sabe por que as escreveu assim!



Quando nalguma situação vos estiver para sair da boca a expressão conjugada "estar encalhado ou adiado", mesmo que a brincar, pensai duas vezes, porque a primeira é sempre medíocre.

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