terça-feira, março 29, 2011
A verdadeira amizade falsa...
sexta-feira, março 25, 2011
Não quero estes sapatos

Esqueço-me da vida. Vou caminhando sem dar conta que muitas vezes me cruzo com a vida que pressinto ser a minha. Calço os sapatos que me apertam, que escravizam os meus pés e os submetem a uma tortura surda que só eu sinto. Quero ir descalça, sujar os pés e reconfortá-los com o privilégio de sentir todos os grãozinhos dessa estrada. Não importa se caminho mais devagar, se fico para trás a cheirar uma flor, a andar de baloiço, a dar a mão, a abraçar e se ninguém me reconhecer quando chegar ao fim do trilho. Ainda posso dizer que não quero estes sapatos, apesar de não ter outros, também não sou de cerimónias; ainda posso dizer que quero o silêncio do meu caminhar nas encostas daquela vida que eu vejo passar e não acompanho. Hoje tirei os sapatos, saí do sótão e comecei a descer as escadas...os meus pés agradeceram e o coração também! Há quanto tempo é que ambos não respiravam o ar que liberta?
quinta-feira, março 17, 2011
Pois é...
Era no tempo em que, no palácio das Necessidades, ainda havia ocasião para longas conversas. (mas podia passar-se hoje...). Um jovem diplomata, em diálogo com um colega mais velho, revelava o seu inconformismo. A situação económica do país era complexa, os índices nacionais de crescimento e bem-estar, se bem que em progressão, revelavam uma distância, ainda significativa, face aos dos nossos parceiros. Olhando retrospetivamente, tudo parecia indicar que uma qualquer "sina" nos condenava a esta permanente "décalage". E, contudo, olhando para o nosso passado, Portugal "partira" bem:- Francamente, senhor embaixador, devo confessar que não percebo o que correu mal na nossa história. Como é possível que nós, um povo que descende das gerações de portugueses que "deram novos mundos ao mundo", que criaram o Brasil, que viajaram pela África e pela Índia, que foram até ao Japão e a lugares bem mais longínquos, que deixaram uma língua e traços de cultura que ainda hoje sobrevivem e são lembrados com admiração, como é possível que hoje sejamos o mais pobre país da Europa ocidental.
O embaixador sorriu, benévolo e sábio, ao responder ao seu jovem colaborador:
- Meu caro, você está muito enganado. Nós não descendemos dessa gente aventureira, que teve a audácia e a coragem de partir pelo mundo, nas caravelas, que fez uma obra notável, de rasgo e ambição.
- Não descendemos? - reagiu, perplexo, o jovem diplomata - Então de quem descendemos nós?
- Nós descendemos dos que ficaram por aqui...
Dualidade
terça-feira, março 15, 2011
Segundinho
Percorre o caminho vezes sem conta a olhar para a sentinela do tempo, apressadamente compassado, nem pára na exactidão das horas. Deixa que o oiçam, tornando-se incomodativo no silêncio; competitivo no triunfo; ansioso na expectativa. Porém, dificilmente alguém o vê e se tentam captá-lo, esvai-se em recordações ténues e inexplicáveis. Segundinho quase esquecido por entre a hora e o minuto, alguém que te dá valor torna-te presente existencialmente. E tu não mais podes ser esquivo a quem te sabe agarrar pelo ponteiro da esperança e vive, contigo e pendurado em ti, cada "tic-tac". E eu sei de um coração assim... quinta-feira, março 10, 2011
No encalço do 4ºdia
quarta-feira, março 09, 2011
Acaso
"Cada um que passa em nossa vida,passa sozinho, pois cada pessoa é única
e nenhuma substitui outra.
Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, mas não vai só
nem nos deixa sós.
Leva um pouco de nós mesmos,
deixa um pouco de si mesmo.
Há os que levam muito,
mas há os que não levam nada.
Essa é a maior responsabilidade de nossa vida,
e a prova de que duas almas
não se encontram ao acaso. "
(Antoine de Saint-Exupéry)
