Vamos chamar Miguel ao senhor do qual nem mesmo eu sei o nome. Contaram-me esta história que me ficou a bailar na cabeça mesmo passado algum tempo depois de a ouvir. Partilho-a convosco, porque me parece pertinente e porque se torna fatalmente comum.terça-feira, dezembro 27, 2011
Um degrau...sete filhos!
Vamos chamar Miguel ao senhor do qual nem mesmo eu sei o nome. Contaram-me esta história que me ficou a bailar na cabeça mesmo passado algum tempo depois de a ouvir. Partilho-a convosco, porque me parece pertinente e porque se torna fatalmente comum.domingo, outubro 09, 2011
Diga lá, menina...

Dirige-se à repartição onde lhe podem retirar dúvidas e esclarecer algumas inscrições. Agora tudo está dividido em fila, com separadores, mais parece uma espécie de capa escolar para não se misturarem disciplinas, talvez para maior privacidade dos "clientes" ou até mesmo para nem se verem uns aos outros; ficou a pensar nisso. Já conhecedora da "cabine" para a qual se devia encaminhar, verificou que estava sem funcionária e aguardou que a atendessem. Não é nova na casa, já conta três anos, não é muito, mas é o suficiente para ser conhecida, pensava ela! Também não gosta que lhe olhem para a pasta, mas para os olhos e que, sobretudo, lhe digam "Bom dia"! Distraída com outros pensares, foi subitamente chamada à realidade por um bastante arrogante e altivo "diga lá, menina, o que é que quer?" vindo de um outro "arquivo" da capa escolar. Era ela? Chamavam por ela? Sim, era ela a menina que devia dizer o que queria. Riu-se e foi obediente, disse ao que ia! Entretanto, chegara a funcionária que estava responsável por tornar claras as dúvidas que levava e sentou-se para se informar. É não raras vezes confundida como aluna, não se importa, até toma esses enganos como elogios, mas ficou ofendida com a indiferença e arrogância, não por ela, mas pelos alunos, porque logo depreendeu que, por aquela senhora, os alunos eram tratados de igual forma. É grave este tratamento e é grave não se reconhecerem as pessoas, sinal de que anda muita gente só a olhar para sapatos, uns por vaidade própria, outros para ignorância geral dos demais... e também deve ser por isso que as estrelas só são contempladas pelos pés descalços!
sexta-feira, outubro 07, 2011

Ela ficou com a sensação de que eventualmente deixou ir na aragem da vida o papel que tinha a receita da sua felicidade. Esquecera-se do quão doce e suave era o beijo que lhe fez apertar e descompassar o coração como há já tanto tempo não sentia. Sabe que o vento lhe trará esse mesmo papel de uma outra forma e já com a escrita de outro alguém, que na realidade não o possui. Talvez volte a vida a rodopiá-lo por entre outras gentes e canetas, por entre mundos que anseia conhecer, por entre o infinito que o seu coração busca...
quarta-feira, agosto 24, 2011
Pelos dedos das mãos
Naturezas
“Monge e discípulos caminhavam por uma estrada e, quando passavam a ponte, viram um escorpião a ser arrastado pelas águas. O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e pegou no bicho com a mão.
Quando o trazia para fora, o escorpião picou-o e, devido à dor, o homem deixou-o cair novamente no rio. Dirigiu-se então, à margem e pegou num ramo de árvore. Adiantou-se outra vez a correr, entrou no rio e pegou novamente no escorpião, salvando-o.
Com o escorpião agora seguro na sua mão, o monge voltou a juntar-se aos discípulos na estrada. Estes, que tinham assistido à cena, receberam-no perplexos.
- Mestre, deves estar com muitas dores! Porque é que foste salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Vê como ele respondeu à tua ajuda, foi picar a mão que o salvou! Não merecia a tua compaixão!
O monge ouviu tranquilamente os comentários e respondeu:
- Ele agiu conforme a sua natureza, e eu de acordo com a minha.”
sábado, agosto 13, 2011
A pior das prisões
quarta-feira, agosto 10, 2011
domingo, agosto 07, 2011
Perfeito no Imperfeito
Fazemos a eternidade com o pedaço de imperfeição de que somos feitos. Por mais que possas dizer que não há ideais, eu acredito neles, porque não têm nem podem conter a perfeição. Tu não és um ser perfeito, mas és ideal para alguém e nalguma circunstância, que pode ser a vida! Quantas mais teorias modernistas e fatalistas me possam apresentar acerca das relações, eu acredito que, porque sou eu na minha finitude que amo, um amor pode não ser para sempre, mas pode ser para uma vida!sábado, agosto 06, 2011
Eles têm tempo...elas estão..."adiadas"!
Termo menos melindroso para "encalhadas", pensam alguns, ainda por cima alguns que encalharam de outras formas! Bem, adiante, para não ferir disposições morais! Ao cimo do percurso e ao fundo das escadas, solta-se a palavra " olha mais duas adiadas"! Não me teria ficado isto na cabeça e ferido a alma se eu não fosse uma dessas duas. Dificilmente se escreve ou se pensa acerca daquilo que de uma ou de outra forma não se sente. Adiada??? Lá vai mais uma introspeção relâmpago "quantos anos tens, Ana? 50?60?100?" Definitivamente, não gostei e apenas respondi que para esclarecimentos não me importava de ter uma conversa em particular, frente a frente, coisa que por vezes me parece ser um embaraço para muitos. Incomodou-me sobretudo por ser uma espécie de pensamento generalizado para com as mulheres, e não só, e de pessoas que deviam muito bem compreender, ainda que depois se desculpem por estar a brincar. Ou será que os solteiros não têm lugar na sociedade? Quer dizer, casa-se ou segue-se uma vida religiosa para se ganhar estatuto, é isso? Há gente que tem a excentricidade de pensar que conhece tudo, que com um jeitinho até podia estabelecer-se como a conselheira lá do sítio, há gente que quer ser engraçada, mas não cai em graça! Convenhamos que pensamos muitas coisas, mas seria talvez sensato adquirir um filtro interno que nos permitisse ser inteligentes na seleção do que proferimos audivelmente. De outra forma, somos claramente inoportunos e desagradáveis. Porque do outro lado há experiências que ninguém conhece, há fragilidades, há penas, há sentimentos, há renúncias que, se não o fossem, seriam motivo de conversa inflamada, há uma história ou algumas histórias! Também fiquei a pensar que quem foi tão infeliz nas palavras escolhidas tem possivelmente uma qualquer espécie de recalcamento ou até mesmo carência, não sei, mera hipótese. Agora que escrevo, fica lavada a "mágoa" e chego à conclusão que, na verdade, estou adiada para a insensibilidade, para a incoerência e para o desrespeito. Nada nos pertence, muito menos a vida que foi emprestada. Imaginai que vos peço um livro emprestado e ao lê-lo pode acontecer que até nem seja muito do meu agrado. Tenho várias hipóteses ou leio até ao fim, ou desisto da leitura ou até posso reescrevê-lo para mim, mas estragar o livro eu não posso, não é meu! Assim é a vida, há coisas nela que só o seu Autor sabe por que as escreveu assim!
Quando nalguma situação vos estiver para sair da boca a expressão conjugada "estar encalhado ou adiado", mesmo que a brincar, pensai duas vezes, porque a primeira é sempre medíocre.
Maçãs
"Mulheres são como maçãs em árvores. As melhores estão no topo. Os homens não querem alcançar essas boas, porque têm medo de cair e se magoarem. Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão, que não são boas como as do topo, mas são fáceis de se conseguir. As maçãs no topo pensam que algo está errado com elas, quando na verdade, ELES estão errados. Elas têm que esperar um pouco para o homem certo chegar, aquele que é valente o suficiente para escalar até ao topo da árvore."sexta-feira, agosto 05, 2011
Os meus pais têm um Mercedes

Carta urgente como se vê pelo barquinho S.O.S. em cima! Tem um poder de argumentação fora de idade e um certo tom intimidador, e as amigas é que acham o Jorge Daniel o máximo, mas não deixa de estar engraçada! Só não percebo a razão pela qual a Filipa desenhou dois cães (?) em vez de um menino e de uma menina!
Vale a pena pensar nisto (não nos cães, ou talvez sim, fazei como quiserdes), mas na transformação das nossas crianças, que obviamente não são responsabilizadas diretamente!
segunda-feira, julho 18, 2011
Inquisição com nova face...e nova dona!
Pela segunda vez, no mesmo grupo de pessoas, e mais uma, o "chefe", o argumento inválido, porque de conteúdo destratado. Eu também me canso e eles também me baralham, confesso! Em primeiro lugar espalham-se em conceitos, embora eu entenda que me queiram talvez dizer a mesma coisa: ser cristão não é a mesma coisa que ser católico. A primeira vez levei com um "isso não é de um bom cristão" chapado! Hoje, não me surpreende o reparo do "chefe", já o esperava: "isso não é católico"! Que raio de intervenções! Hoje, de coração a rasgar a pele e com aquele desassossego que as cadeiras não costumam suportar, porque lhes faz cócegas, falo paradoxalmente com mais calma, com a voz bem colocada, sem embargar! Não ser católico ou não ser cristão seria exatamente a minha contradição e a minha incoerência na ação que queriam que eu encetasse; não ser ambas as coisas seria dizer "ámen" a tudo o que convém aos outros nem que para isso se tenha de ser injusto. E então parece-me ouvir a minha consciência a picar de forma tão hábil e sorrateira que começo a sentir um certo sentimento abrasador. Estás assim porquê, se agiste de acordo contigo mesma? Não sou eu, é a fogueira que tens junto aos pés... E de repente fiquei com uma ligeira intuição desperta para o que realmente sentia. Queimada!!! Sem ferimentos evidentes no momento, mas sinto que o meu diagnóstico em cuidados intensivos vai ser: politicamente incorreta! Mas prefiro...a estar na ala dos amorfos com o quadro clínico de: léxico bloqueado pela ocultação de discursos transparentes e pelo consumo exagerado das palavras em discursos politicamente corretos! sábado, julho 16, 2011
Ignota
sexta-feira, julho 15, 2011
Acerca do que fica dentro
domingo, junho 19, 2011
Com os botões às voltas

segunda-feira, junho 06, 2011
domingo, maio 22, 2011
Desta vez, vai ser assim...

domingo, abril 17, 2011
Sobe, sobe...
Enfrenta a tempestade que encontras depois de subir a primeira montanha, muitas outras se seguirão.
Ao que hoje ousa fazer... sobe, sobe!
Quem é que se leva na barca, afinal? ;)
quarta-feira, abril 06, 2011
Coragem
segunda-feira, abril 04, 2011
Balanço balanceado em balancé...
terça-feira, março 29, 2011
A verdadeira amizade falsa...
sexta-feira, março 25, 2011
Não quero estes sapatos

Esqueço-me da vida. Vou caminhando sem dar conta que muitas vezes me cruzo com a vida que pressinto ser a minha. Calço os sapatos que me apertam, que escravizam os meus pés e os submetem a uma tortura surda que só eu sinto. Quero ir descalça, sujar os pés e reconfortá-los com o privilégio de sentir todos os grãozinhos dessa estrada. Não importa se caminho mais devagar, se fico para trás a cheirar uma flor, a andar de baloiço, a dar a mão, a abraçar e se ninguém me reconhecer quando chegar ao fim do trilho. Ainda posso dizer que não quero estes sapatos, apesar de não ter outros, também não sou de cerimónias; ainda posso dizer que quero o silêncio do meu caminhar nas encostas daquela vida que eu vejo passar e não acompanho. Hoje tirei os sapatos, saí do sótão e comecei a descer as escadas...os meus pés agradeceram e o coração também! Há quanto tempo é que ambos não respiravam o ar que liberta?
quinta-feira, março 17, 2011
Pois é...
Era no tempo em que, no palácio das Necessidades, ainda havia ocasião para longas conversas. (mas podia passar-se hoje...). Um jovem diplomata, em diálogo com um colega mais velho, revelava o seu inconformismo. A situação económica do país era complexa, os índices nacionais de crescimento e bem-estar, se bem que em progressão, revelavam uma distância, ainda significativa, face aos dos nossos parceiros. Olhando retrospetivamente, tudo parecia indicar que uma qualquer "sina" nos condenava a esta permanente "décalage". E, contudo, olhando para o nosso passado, Portugal "partira" bem:- Francamente, senhor embaixador, devo confessar que não percebo o que correu mal na nossa história. Como é possível que nós, um povo que descende das gerações de portugueses que "deram novos mundos ao mundo", que criaram o Brasil, que viajaram pela África e pela Índia, que foram até ao Japão e a lugares bem mais longínquos, que deixaram uma língua e traços de cultura que ainda hoje sobrevivem e são lembrados com admiração, como é possível que hoje sejamos o mais pobre país da Europa ocidental.
O embaixador sorriu, benévolo e sábio, ao responder ao seu jovem colaborador:
- Meu caro, você está muito enganado. Nós não descendemos dessa gente aventureira, que teve a audácia e a coragem de partir pelo mundo, nas caravelas, que fez uma obra notável, de rasgo e ambição.
- Não descendemos? - reagiu, perplexo, o jovem diplomata - Então de quem descendemos nós?
- Nós descendemos dos que ficaram por aqui...
Dualidade
terça-feira, março 15, 2011
Segundinho
Percorre o caminho vezes sem conta a olhar para a sentinela do tempo, apressadamente compassado, nem pára na exactidão das horas. Deixa que o oiçam, tornando-se incomodativo no silêncio; competitivo no triunfo; ansioso na expectativa. Porém, dificilmente alguém o vê e se tentam captá-lo, esvai-se em recordações ténues e inexplicáveis. Segundinho quase esquecido por entre a hora e o minuto, alguém que te dá valor torna-te presente existencialmente. E tu não mais podes ser esquivo a quem te sabe agarrar pelo ponteiro da esperança e vive, contigo e pendurado em ti, cada "tic-tac". E eu sei de um coração assim... quinta-feira, março 10, 2011
No encalço do 4ºdia
quarta-feira, março 09, 2011
Acaso
"Cada um que passa em nossa vida,passa sozinho, pois cada pessoa é única
e nenhuma substitui outra.
Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, mas não vai só
nem nos deixa sós.
Leva um pouco de nós mesmos,
deixa um pouco de si mesmo.
Há os que levam muito,
mas há os que não levam nada.
Essa é a maior responsabilidade de nossa vida,
e a prova de que duas almas
não se encontram ao acaso. "
(Antoine de Saint-Exupéry)
terça-feira, março 08, 2011
Precisamos...
domingo, fevereiro 20, 2011
O fim último da vida não é a excelência.

"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades.
Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos.
Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.
Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito.
É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.
Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac.
É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos.
A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade.
O que não deixa de ser uma lástima.
Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"
quinta-feira, fevereiro 17, 2011
Elogio
Ouvir um elogio esquenta a alma e faz brotar dela entusiasmos suficientes para nos aguentarmos, mesmo quando tudo parece não fazer sentido. Faz-nos experimentar um orgulhoso sabor de unicidade e a certeza de que somos capazes do que quisermos, abre-nos sorrisos gratuitos e, algumas vezes, sós e os olhos enfrentam qualquer pessoa. Além disso, saber que marcámos positivamente alguém faz-nos pensar que seremos sempre memoráveis. Quem não gostar de receber um elogio levante-se e manifeste-se! Já estava há demasiado tempo sentada e levantei-me. Esta política do elogio é como a publicidade enganosa. Quantos elogios não são feitos para se conseguir ou um estatuto superior, ou uma restiazinha de piedade, ou pura e simplesmente para seduzir alguém? Quantos elogios não são feitos para se comprarem pessoas? Agarrei na minha alma e disse-lhe que estava proibida de dormir nas tendas destes encómios, para se manter em alerta e não deixar roubar a pouca dignidade que lhe resta, intimei-a a ser fiel ao que na verdade sente e a só se sentir realmente louvada quando o aplauso fosse sincero, o que teria de verificar pela força da atenção. Não gostas de um elogio? É óbvio que gosto! E foi embora...a pensar que os elogios de algumas pessoas não nos tornam singulares, bem pelo contrário, remetem-nos para a banalidade e para a futilidade! domingo, fevereiro 13, 2011
domingo, janeiro 30, 2011
De olhos abertos

terça-feira, janeiro 11, 2011
O Príncipe e a Lavadeira...

domingo, janeiro 09, 2011
Pela calada da noite, Nicodemos...
Havia um fariseu chamado Nicodemos, que era um dos principais entre os judeus. Veio ter com Jesus de noite e disse-lhe:quinta-feira, janeiro 06, 2011
Complexidade
Quem dera ter um GPS que indicasse as coordenadas do caminho das palavras certas, que podem fazer a diferença e que incentivem a reflexão. terça-feira, janeiro 04, 2011
Jogo sujo
segunda-feira, janeiro 03, 2011

















