segunda-feira, janeiro 14, 2008

Chorar...


Parece um dom com o qual fomos brindados. Chorar permite-nos soltar alegrias, dores, revoltas, o que por palavras não conseguimos expressar. E parece, ao mesmo tempo, senhor e soberano de todas as emoções. Se, porventura, se reprime, não se deixa ficar inerte, persiste lá dentro, a pressionar, a volver à procura de uma fragilidade, que pode nem ser a maior, para se evadir sorrateiro e quando avista a cor dos olhos, anima-se rejubilante, vindo na sua força toda, que coincide com o nosso limite.
Não choro, porque choro...Choro, porque me sinto. Choro depois de sentir que a minha voz é embargada e pequena. Choro sozinha, mas também diante de algumas pessoas. E chorar diante de alguém é ainda mais sublime. É partilhar através das lágrimas o que nos consome. Não se esperam soluções de quem nos vê chorar, mas colocamos naquela pessoa a esperança de um conforto, ainda que calado. Encontramos nela e só por ela própria o alívio que nenhumas palavras poderiam dar.

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