
Como alguém disse um dia " O sol posto é a aurora de outras terras."
Beijinho sereno
Ontem, na Eucaristia, na liturgia eucarística na oração sobre as oferendas, e em resposta ao que o celebrante dizia, parece que ficámos todos com um batoque na boca, ninguém respondeu, tudo de bico calado. Porquê? O meu pároco disse o seguinte: " Orai, irmãos, para que o meu e o vosso sacrífício seja agradável aos Vossos olhos." Trocou-nos as voltas, porque nem pio se ouviu. Normalmente, dir-se-ia, "orai, irmãos, para que o meu e o vosso sacrifício seja aceite por Deus Pai todo-poderoso." Ao que nós responderíamos: " Receba o Senhor por tuas mãos este sacrifício para glória do seu nome, para nosso bem e de toda a santa Igreja." Pois é...fez-me lembrar as deixas dos teatros, quem representa pode até improvisar o que quiser, mas a última ou últimas palavras tem de as dizer, para que o seguinte interveniente comece! E fiquei a pensar... Sabemos a missa de cor, sabemos responder automaticamente...então não sabemos o que respondemos, ao que respondemos e por que respondemos! Fiquei algo inquieta, porque isso não é assim muito bom, penso eu!!! No entanto, envolvida nos meus pensamentos lembrei-me do que significa saber de cor. Cor vem do latim "cor, cordis" que significa coração! Então sabemos a missa de coração, é isso? Bem, já não é assim tão mau se vivermos a Eucaristia de coração! Porém, continuo a pensar, no que, obviamente, a mim diz respeito e à relação que eu tenho com a Eucaristia...Falta-nos sempre tanto!!!
É a cruz que prostra e faz sentir o frio do chão. Mas é a cruz que eleva ao alto, em tempo indefinido, e transpõe a ponte entre a terra e o céu, onde está o Sol que aquece. Fácil e quase insignificante é ofertar, de longe em longe, a alguém um ramo de flores. Difícil e com profundo significado é oferecer uma pequena flor todos os dias.
Sentimo-nos bem quando somos autenticamente acolhidos. Foi assim que me senti em Murça, ontem, no dia da diocese! Confesso que foi, de grande vontade, mas algo renitente...mais S.Paulo, todo o ano a falar de S.Paulo...Hmm, começa a cansar! Enganei-me...foi um dia nada cansativo e muito interessante! Foi ver que as únicas diferenças eram as cores dos vários arciprestados; não há novos nem velhos, há membros com funções distintas a trabalhar em favor de um só Corpo.
Um dia que foi bastante oportuno para serenar aquele desespero miudinho, que algumas vezes nos assalta, de sentirmos o sangue a sair das veias e a não revigorar e movimentar o Corpo... um dia para reaprender o Espírito Santo nas suas presença e actuação inesperadas e sempre pertinentes... um dia em que vários pontinhos luzentes se encontraram e fizeram jus à existência de uma família...
Há fogo na selva. Os animais correm em todas as direcções, procurando cada qual escapar o melhor que podia ao fogo devorador. Os elefantes, com o seu chefe à cabeça, enquanto passavam junto de um pequeno lago, viram um passarinho que tranquilamente se molhava na margem.
Cheio de assombro, o elefante chefe parou e disse-lhe:
- Por que não foges como todos nós para escapar às labaredas que vêm aí a comer tudo o que é floresta?
O passarinho respondeu:
- Preciso de fazer alguma coisa para apagar o fogo.
O elefante, cada vez mais admirado, perguntou:
- Mas que podes fazer tu para combater o incêndio?
O passarinho respondeu-lhe ingenuamente:
- Eu, apesar de pequeno, acho que poderei fazer também alguma coisa para apagar o fogo. Não vos parece que todos devíamos colaborar para defender a floresta, que é a nossa casa?
O elefante, com ar de troça, perguntou-lhe:
- Então qual é a tua colaboração?
- Estou a molhar as penas para depois voar por cima do fogo e deitar algumas gotas de água.
- E julgas que assim consegues apagar o fogo?
- Não sei, mas faço o que posso.
Pedrosa Ferreira